Lançamento/Divulgação de Livros

26/10 - 18h às 18h30 - Sala Santander - UNISINOS (Campus Porto Alegre)


MOREIRA, P. R. S., MUGGE, Miquéias Henrique. Histórias de escravos e senhores em uma região de imigração europeia. São Leopoldo/RS: Oikos, 2014.  R$ 20

Os imigrantes europeus – no nosso caso especificamente os alemães – que se deslocaram para o Brasil no século XIX, conheceram intimamente a escravidão negra. Muitos deles, inclusive, possuíram cativos, e/ou os alugaram, açoitaram, venderam, alforriaram. No caso do Rio Grande do Sul, os imigrantes alemães começaram a chegar em 1824 e foram instalados na Colônia Imperial de São Leopoldo, de onde se espraiaram pela província e para fora dela. Praticamente paralela à constituição de uma sociedade escravista nesta área de colonização europeia, forjou-se uma historiografia apologética que destacou esta imigração como propugnadora de novos valores morais e econômicos, quais sejam, a poupança, o amor, a família, a religiosidade, a regeneração do trabalho manual. Nosso intento neste livro é propor reflexões sobre as inter-relações entre estes colonos e os escravos africanos e seus descendentes que ali conviviam. No caso específico da historiografia sul-rio-grandense, percebemos que tal assunto apresenta lacunas, gerando um véu de invisibilidade que encobre as populações afrodescendentes residentes nas áreas de imigração europeia, com reflexos até a atualidade.

SOUZA, Robério. Tudo pelo trabalho livre!: trabalhadores e conflitos no pós-abolição (Bahia, 1892-1909). Salvador: Edufba, 2011.  R$ 30

O livro Tudo pelo trabalho livre traz como abordagem a história social dos trabalhadores ferroviários da Bahia, maioria negros, no período pós-abolição e nos anos iniciais do período republicano (final do século XIX e início do século XX). Esta obra focaliza dimensões importantes das trajetórias desses trabalhadores, tais como as suas experiências associativas, os espaços de sociabilidades, a organização do processo de trabalho, as lutas em torno de direitos trabalhistas e conquistas, os seus movimentos de resistência e os conflitos sociais.
Os conflitos vivenciados pelos trabalhadores por aqueles revelaram impasses da sociedade brasileira, a exemplo dos embates relacionados às tentativas de exploração, de controle e de disciplinarização da força de trabalho entre o final do séc. XIX e início do séc. XX. Nesse contexto, ampliar formas de exploração e o controlar o tempo, a autonomia e a liberdade dos trabalhadores era, assim, uma questão central para os patrões e para as elites brasileiras (muitos deles ex-senhores de escravos).
Apesar de toda a repressão, esses trabalhadores tentaram resistir às formas de exploração, às relações de trabalho que lembravam o regime escravista e às tentativas abertas e veladas de manter sob domínio as suas liberdades. As ações e as lutas empreendidas por esses homens, no contexto do pós-abolição na Bahia, são capítulos importantes para a compreensão de um momento da história social do Brasil.


SOUZA, Rafael de Freitas e. O ouro gosta de sangue: A Mina da Passagem de Mariana (1863-1927). Belo Horizonte: Editora O Lutador, 2015. 388 p. R$ 15

Sob a perspectiva da história social do trabalho, a obra enfoca a história da mineração aurífera em Minas Gerais quando companhias inglesas assumiram o controle de minas consideradas esgotadas – o chamado “período inglês” - tema ainda pouco explorado pala historiografia, voltada principalmente para as explorações setecentistas.
Trata-se do primeiro estudo acadêmico dedicado exclusivamente à Mina da Passagem localizada no Distrito de Passagem na cidade de Mariana quando esteve sob o controle de duas companhias estrangeiras, a AngloBrazilian Gold Company e a The Ouro Preto Gold Mines of Brasil Limited entre 1863 e 1927.
O livro conduzirá o leitor por diferentes “galerias” do mundo do trabalho na mineração tangenciando e interligando temas tais como as inovações técnicas, o emprego da mão de obra escrava e do trabalho livre de nacionais e imigrantes europeus, o tentacular poder político das companhias, a inserção da religião protestante no distrito com seu templo e cemitério próprios, as entidades metafísicas subterrâneas, a cultura material do mineiro, as novas práticas esportivas e dietéticas, os festejos, as tradições populares, as formas de organização dos trabalhadores, os acidentes de trabalho, as doenças ocupacionais, as epidemias, a taxa de criminalidade, o trabalho infantil e feminino,a evasão escolar e o desmatamento.
Por isso, o mundo do trabalho na mina e a vida fora dela foram analisados sob uma perspectiva dialeticamente complementar. Uma verdadeira “garimpagem” de conhecimentos. Buscou-se levantar a “baeta de ferro” que encobre a trajetória das companhias auríferas inglesas que atuaram em Minas Gerais no período em foco.

27/10 - 17h45 às 18h30 - Sala Santander - UNISINOS (Campus Porto Alegre)

MAC CORD, Marcelo; BATALHA, Cláudio. (orgs.). Organizar e Proteger: trabalhadores, associações e mutualismo no Brasil (século XIX e XX). Campinas: Editora da Unicamp, 2015, 280 p.  R$ 40

Os temas do associativismo e do mutualismo – uma das manifestações associativas – têm ganhado crescente interesse nos últimos anos e já contam com uma produção, em forma de dissertações, teses, artigos e livros, relevante. Este livro reúne, nos seus nove capítulos, contribuições de alguns dos pesquisadores dessas temáticas, que cobrem um período de mais de um século e abordam experiências associativas em diferentes partes do Brasil. Os textos que compõem os capítulos foram previamente apresentados em versões preliminares em um seminário reunindo todos os autores, e com isso foram beneficiados pelas sugestões surgidas da discussão coletiva. Antes, porém, desta versão final, os textos passaram ainda pela revisão dos organizadores da coletânea, que lhes acrescentaram novas sugestões. Com esse processo de etapas sucessivas de lapidação das diversas contribuições, a qualidade do conjunto foi assegurada, e esta coletânea certamente trará um avanço importante aos estudos sobre o associativismo.


SPERANZA, Clarice Gontarski. Cavando direitos: as leis trabalhistas e os conflitos entre os mineiros de carvão e seus patrões no Rio Grande do Sul (1940-1964). São Leopoldo: Oikos - Coleção Anpuh/RS, 2014, p. 295.  R$ 35

Cavando direitos - as leis trabalhistas e os conflitos entre os mineiros de carvão e seus patrões no Rio Grande do Sul (1940-1954)", de Clarice Gontarski Speranza, mergulha o leitor no universo das minas gaúchas, onde trabalhavam milhares de homens em meados do século XX. Mesmo sujeitos a duras jornadas de trabalho, estrito controle patronal, e risco permanente de invalidez ou morte por doenças e acidentes, esses operários souberam utilizar diversas estratégias de enfrentamento no seu dia a dia, desde a mobilização coletiva (com greves marcadas por extrema coesão) até a recusa individual de trabalhar, passando pelo uso reiterado da Justiça do Trabalho para reivindicar direitos.
A obra, fruto da tese de doutorado da autora, apresenta o cotidiano dos mineiros das vilas de Arroio dos Ratos, Butiá e Minas do Leão, além de analisar as disputas que protagonizaram contra as empresas mineradoras. Em um dos episódios narrados, a greve de 1946, os trabalhadores interromperam o fornecimento de carvão que gerava a energia elétrica de boa parte do estado, paralisando virtualmente a capital do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, por vários dias.
Cavando direitos - as leis trabalhistas e os conflitos entre os mineiros de carvão e seus patrões no Rio Grande do Sul (1940-1954)" foi vencedor do Prêmio ANPUH/RS de teses de 2014, e conta com prefácio de Benito Bisso Schmidt (UFRGS), orientador da pesquisa, e texto na contracapa de Silvia Petersen (UFRGS). A edição é da ANPUH/RS e da Oikos, com apoio do Memorial da Justiça do Trabalho no Rio Grande do Sul.



NONNENMACHER, Marisa Schneider. Tudo começou em uma madrugada: Sociedade beneficente Cultural Floresta Aurora (1872-2015). Porto Alegre, Medianiz, 2015.  R$ 40

Tudo começou em uma madrugada: Sociedade Beneficente Cultural Floresta Aurora (1872 -2015) é o resultado de uma preciosa investigação histórica sobre a caminhada de uma associação que comemorará, em poucos anos, o sesquicentenário como a mais antiga sociedade de afrodescendentes do Brasil. Tendo como base os periódicos do século XIX, foi possível reconstituir o momento da fundação da Sociedade Floresta Aurora, em 1872, em pleno cenário abolicionista, e seguir acompanhando, sempre com farta documentação, as notícias relativas às suas realizações tais como, os eventos culturais e artísticos que demonstram a atuação regular da Floresta Aurora nos eventos musicais, nas encenações teatrais, nos bailes e festas, nos congressos e carnavais de Porto Alegre, do século XIX ao XXI. Escrever a história da Sociedade Floresta Aurora é contribuir para iluminar, um pouco mais, a trajetória de construção autônoma da população afro-brasileira, como a oportunidade de conhecer um exemplo de luta, de convicção no amanhã e na transformação do homem.



FERRERAS, Norberto; SECRETO, Maria Verónica. Os pobres e a política. História e Movimentos sociais na América Latina. Mauad, RJ, 2013 .R$ 20

O principal tema deste livro, que emerge constantemente em cada um de seus capítulos, é o da subjetividade dos excluídos da História. Este assunto é central para todo pesquisador dos setores subalternos que procura a construção de alternativas num mundo de exclusão. Qual o lugar do território e da terra na formação dos movimentos sociais? De que forma o trabalho chega a ser análogo à escravidão? Ser um trabalhador em condições semelhante às da escravidão é o mesmo que ser um escravo no século XIX? Como as sociedades se vinculam a essas questões? São algumas das questões abordadas na obra, que desconstrói análises que figuram como consagradas e cristalizadoras.






28/10 - 18h às 18h30 - APERS

WEIMER, Rodrigo de Azevedo. Felisberta e sua gente: Consciência histórica e racialização em uma família negra no pós-emancipação rio-grandense. Rio de Janeiro: FGV Editora/FAPERJ, 2015, 272 p.  R$ 42

Situando o quadro histórico de uma família negra do litoral norte do Rio Grande do Sul ao longo de quatro gerações – de escravos, de camponeses, de migrantes, de quilombolas –, discute-se, na perspectiva da história da memória, as metamorfoses das formas como cada geração lembrou-se de seu passado no pós-abolição. As noções de “história” e “memória” são costuradas por meio dos conceitos de “racialização”, que intermedeia os capítulos através de “interlúdios” nos quais são discutidas as experiências raciais vividas por aquela coletividade, e de “consciência histórica”, que denota um olhar crítico a respeito de seu próprio passado, não coincidente, é evidente, com a perspectiva do historiador. A consciência histórica contemporânea politiza de uma forma sem precedentes a memória do cativeiro. A obra, contudo, evita hierarquizá-la em relação a consciências históricas mais “tradicionais”; pelo contrário, elas são conectadas através de circuitos de compartilhamento da memória, geralmente passada e ressignificada entre avós e netos. O livro conta com uma apresentação de autoria da Prof. Dr. Hebe Maria Mattos e com orelha de autoria da Prof. Dr. Martha Abreu.
O livro foi contemplado com o prêmio de teses promovido pelo PRONEX – NEC, NUPEHC e LABHOI da Universidade Federal Fluminense, onde originalmente foi apresentado como trabalho de doutorado.



GILL, Lorena Almeida; SCHEER, Micaele Irene. À beira da extinção: memórias de trabalhadores cujos ofícios estão em vias de desaparecer. Pelotas: Editora UFPel, 2015.  R$ 20

Este livro é o resultado de um esforço de vários anos da equipe de pesquisadores do Núcleo de Documentação Histórica da UFPel (NDH), no sentido de unir duas ferramentas importantes da metodologia histórica, a história oral com os acervos da área do trabalho, como o arquivo com as fichas espelho da Delegacia Regional do Trabalho do Rio Grande do Sul e os processos da Justiça do Trabalho, principalmente a partir do projeto “À beira da extinção: memórias de trabalhadores cujos ofícios estão em vias de desaparecer”. Embora haja denominadores comuns, os capítulos apresentam diferenciações, não só em relação à profissão estudada, mas, principalmente, quanto ao enfoque específico de cada pesquisador. Por outro lado, nota-se um bom entrosamento teórico, fruto de muitas discussões em grupo sobre método e teoria em História aplicadas a este projeto.